domingo, 22 de março de 2015

Grupo de Apoio



Precisamos de pessoas que querem ajudar. Precisamos de centralizar informação. 
Em Portugal existem alguns blogs relacionados com Alopécia mas a informação e os preciosos testemunhos das pessoas estão dispersos.
Precisamos de nos unir para poder ir mais longe, para que a ajuda à pessoa com Alopécia seja global.
Já chega de sofrer em silêncio! Neste blogue a privacidade das pessoas será ponto de honra. Quem desejar mantém confidencialidade, mas pode divulgar o seu testemunho de vida, de tratamentos realizados e o seu sucesso ou insucesso, bem como da sua capacidade de lidar com a Alopécia.

 Este blogue fornece informação credível e abangente para quem lida com Alopecia diariamente, seja ela areata, androgenica, defluvio ou alopecia cicatricial. O testemunho real de quem lida com Alopécia Universal e o modo de contornar o problema poderá também fornecer informação preciosa!

Junta-te a nós…Para as pessoas que o pretendam e queiram integrar o Grupo de Apoio basta entrar em contacto connosco através deste blogue.

Transplante de cabelo



A alopecia androgenética (queda de cabelo geneticamente determinada) é a mais frequente causa de queda de cabelo no homem e uma das principais causas na mulher. Afecta apenas o cabelo da região superior da cabeça, mantendo-se o cabelo intacto de lado e atrás. O que herdamos é o receptor para a hormona masculina (esta última existe em homens e mulheres). No homem há um recuo da linha anterior de implantação do cabelo. Na mulher esta linha permanece mantida, mas observando-se progressiva redução de densidade na parte superior da cabeça.
Dada a limitação do tratamento médico, encontraram-se formas de resolver cirurgicamente o problema. Os primeiros transplantes para minorar a alopecia androgenética efetuaram-se há meio século. A técnica evoluiu muito nos últimos anos.
 Desde há dez anos a técnica que realizamos chama-se FUT (Transplante de Unidade Folicular). Retiramos cabelo de áreas nas quais o cabelo não cai (área dadora), habitualmente sob a forma de uma fina tira de pele ou folículo a folículo. Os cabelos da tira são cortados de forma microscopicamente controlada. Realizam-se micro-orifícios na área em que queremos melhorar a densidade de cabelo. Finalmente, introduzem-se os folículos contendo uma unidade folicular em cada orifício. O cabelo transplantado cai entre o 1º e 2º mês. Renasce entre 3º e 4º mês, dura toda a vida, e tem um aspecto natural.

            
Aspeto ao fim de 2 anos pós transplante em homem

Aspeto ao fim de 2 anos pós transplante em mulher
 

Uma história clínica cuidada é fundamental. Doenças como diabetes, hipertensão e discrasias hemorrágicas deverão estar controladas. A intervenção dura em média 4 ou 5 horas, após as quais o doente vai para casa. Os efeitos adversos comuns são um inchaço nas pálpebras que ocorre entre o 2º e 6º dia pós transplante e pequeníssimas crostas que se notam no local de cada folículo implantado durante 15 dias.
Com a técnica actual é possível efectuar sessões de mais de 1500 cabelos implantados. É importante a espectativa ser adaptada à realidade. Uma sessão de transplante melhora muito a densidade mas nunca permitirá a densidade de cabelo normal, já que redistribuímos cabelo de uma área pequena para uma bastante maior (ao nascer temos no couto cabeludo cerca 150.000 folículos). A incapacidade para compreender a limitação do método deve ser causa de exclusão. O resultado é tanto melhor quanto maior for a espessura do cabelo e a densidade da área dadora. Quanto mais precoce se efectuar a intervenção menos impacto terá na imagem (o máximo impacto ocorrerá numa fase em que já não existam cabelos na área recetora). A técnica é particularmente interessante na mulher, em que habitualmente não há áreas totalmente despovoadas, e na qual o reforço da área dos 2 ou 3 cm anteriores pode ter um efeito magnífico. No homem com alopecia androgenética, são espectáveis, durante uma vida, três sessões: uma para reforço anterior, uma de reforço posterior, e uma que une ambas áreas. Um facto interessante é que o resultado final pós transplante vai melhorando até 2 anos após o procedimento. Nos homens não se pode ceder à tentação de colocar a linha anterior muito à frente, sob pena de parecer pouco natural numa fase mais adiantada da vida.
Por outro lado, o transplante de cabelo também permite corrigir as cicatrizes determinadas por doenças inflamatórias do couro cabeludo desde que a doença não esteja ativa (ver alopécia cicatricial), bem como cicatrizes provocadas por traumatismos, por tumores, por intervenções cirúrgicas, por radioterapia, infeções, acne, etc.
O transplante permite restaurar também pelo em outras zonas que não o couro cabeludo. É frequente fazermo-lo na área das sobrancelhas (escolhendo-se para tal cabelos da área supra-auricular) bem como em cicatrizes da área da barba. No transplante de sobrancelhas o ponto crucial para um bom resultado é a inclinação que damos aos folículos (mimetizando a natural). Finalmente, é possível conjugar transplante (zona anterior) com prótese (zona posterior) com bom resultado cosmético.


Dr. Rui Oliveira Soares

Perguntas frequentes



ESTE PRODUTO É BOM PARA O CABELO?

Tal panaceia universal não existe. Se nos disserem que tal produto é bom para a dor de barriga desconfiamos, já que a forma de tratar dependerá da causa que provoca a dor. Relativamente ao cabelo o mesmo acontece. Importa primeiro se há ou não doença e, no caso de haver, obter um diagnóstico preciso para poder prescrever o melhor tratamento. Assim, por exemplo, preparados de vitaminas e oligo-elementos só melhorarão quem tenha carência dos mesmos. Minoxidil em loção ou finasterida em comprimidos só melhorarão quem tenha alopécia androgenética. Irritantes e corticoesteróides, quem tenha alopécia areata. Antibióticos, quem tenha foliculite decalvante; e assim em diante. Portanto, o produto bom para o cabelo não existe.

O CABELO CAI MESMO NO OUTONO?

Desde há algum tempo sabe-se que cerca de 70% das pessoas têm queda sazonal, que provavelmente é homóloga à muda de pelo de outros mamíferos e que é mediada pelas alterações endócrinas que a exposição à luz provoca. O fenómeno chama-se deflúvio telógeno e corresponde a um aumento do número de cabelos que estão na fase final do ciclo capilar. Também pode ser provocado por outros estímulos como doença, cirurgia, medicamento, pós-parto ou até por estarmos mais preocupados.

LAVAR MUITAS VEZES FAZ MAL AO CABELO? E PRODUTOS? E FAZER TRANÇAS? E A SECAGEM?

Lavar mais vezes o cabelo não faz cair mais cabelo. Trabalhos que comparam, na mesma pessoa, o número de cabelos que caem lavando três vezes por dia e uma vez por semana concluem não haver diferença no número de cabelos perdidos. Também o uso de gel ou amaciadores não aumenta a queda de cabelo. Já as extensões e as tranças, se determinarem tracção significativa, podem aumentar a queda. O uso de secadores normalmente não é prejudicial, excepto se o cabelo não for previamente limpo com a toalha. Secar com secador diretamente cabelo muito molhado pode danificá-lo.

ESTE PRODUTO É BOM? É NATURAL!

Sou confrontado todos os dias pelos meus pacientes sobre o uso de produtos naturais para a pele e para o cabelo. Mais de 90% das pessoas que me questionam sobre estes produtos têm as seguintes convicções: 1. Como é natural não pode fazer mal. 2. Como é natural vai fazer bem. O que significa algo ser natural? Que provém da natureza ou a ela relativo; que não tem artifício, composição ou mistura (ex.: iogurte natural); que existe na natureza; que não foi criado pelo homem (ex.: lagoa natural). Transportemos para um creme ou champô este conceito de natural – que existe na natureza e não criado (leia-se intervencionado) pelo homem. Provavelmente quando comprássemos no supermercado tal produto levaríamos para casa um boião de ranço, já que sem conservantes, emulsionantes, antibacterianos e fungicidas, a grande maioria a maioria dos cremes e champôs não se manteriam íntegros ao longo tempo. A maioria dos produtos para a pele e cabelo ditos naturais não o são verdadeiramente – foram alterados no sentido de poderem ser preservados no tempo ou de melhor se adaptarem ao seu uso na pele. O segundo conceito é que o que é natural não pode fazer mal. Esta tese não resiste a uma análise lógica: pensemos nos envenenamentos por cogumelos, nas lesões da pele provocadas pelas urtigas, pela lagarta do pinheiro, etc. Desde que existam componentes químicos (e qualquer produto natural ou não os tem) existe um potencial de, em determinadas circunstâncias, poder provocar problemas. Esse risco não é igual em todos os produtos mas não é menor pelo facto de um determinado produto ser natural. Finalmente, a origem “natural” não acrescenta probabilidade de eficácia. Nada mais natural que cocó de vaca e não consta que seja bom a resolver problemas da pele ou do cabelo. Na realidade, muitos dos medicamentos que usamos têm uma origem na natureza (outros são sintetizados artificialmente). A intervenção humana visa precisamente torná-los mais adequados à sua função – aumentar a tolerabilidade, o efeito terapêutico, a cosmeticidade, etc.

NÃO POSSO ACREDITAR QUANDO DIZEM ESTAR PROVADO?

O paciente informado deve focar-se na existência ou não de trabalhos científicos credíveis que suportem o uso de determinados medicamentos. Na minha área preferida de atuação, as doenças do cabelo, posso dar vários exemplos de incongruências:
1. Há champôs no mercado que dizem tratar a alopécia androgenética (calvície comum) quando não existe nenhum estudo sério que o demonstre.
2. Alguns produtos (tanto de aplicação local como para tomar) vendidos para a alopécia (menos cabelo) não têm estudos científicos que os suportem e baseiam as suas campanhas em publicidade agressiva que envolve pessoas conhecidas do grande público. A grande maioria dos produtos “anti-queda” têm na realidade apenas efeito volumizante e deveriam publicitar-se como tal.
3. Existem clínicos que dizem possuir tratamentos eficazes que mais ninguém detém (como se tal fosse possível na era da informação) e aplicam substâncias no couro cabeludo (habitualmente em microinjecções) cujo efeito de longo prazo na alopécia não está provado. O mesmo acontece com dispositivos LASER anunciados como milagrosos e cujo único efeito palpável de longo prazo para o paciente é menos uns milhares de euros.
Como em outras áreas, a charlatanice combate-se com a informação. Embora seja por vezes uma batalha desigual, é obrigação dos médico e dos pacientes informados travá-la.

Dr. Rui Oliveira Soares